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Talvez hoje

 

Talvez hoje eu não me levante
Talvez hoje seja o bastante
Talvez hoje eu me desencante

 

Talvez hoje bata uma preguiça
Maior que os dias anteriores
E eu fique de cama pedindo amores

 

Talvez hoje eu desista
Talvez hoje eu  me desapegue
Talvez hoje eu me negue

 

Talvez hoje eu apenas esteja surtado
Mais que os dias anteriores
E tudo que eu tenha seja mal de amores

 

Federico Devito

 

O apanhador de desperdícios

 

Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios

 

Manoel de Barros

Um poema aos tempos passados

 

Sob a chama de uma vela
Que queima sem pressa
Confidenciamos nossos enganos,
O aborto dos nossos planos
E partilhamos esse nada que nos resta.

As garrafas vazias no chão da sala
Nos contam do silêncio
Que ecoa pela madrugada.

Somos vermes mutilados.
Dois vermes embriagados.
Dois loucos apaixonados.
No amor derrotados.

Partilhamos da mesma sina,
Amar foi nossa ruína,
Dentre o que a muitos abomina,
Encontramos nosso lugar.

Carregamos o mesmo fardo.
Dois malucos fracassados.
Entre dois mundos cruzados,
Buscando ao que chamar de lar.

E quando o vinho acaba,
Quando a esperança finda,
A morte nos olha à face
E até parece bem vinda.

Morremos todas as noites
Por nossas paixões perdidas.
Trocamos a juventude 
Por lágrimas, fracassos,
E algumas garrafas de bebida.

Vivemos num mundo sem sorte,
Pois ninguém chorará nossa morte
No triste fim desta vida.

Ellen Dias & Lucas Nathan

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Ceia dos Desesperados

 

Porque não acreditar em mim?
Será que por fim serei mesclado na tinta vermelha do fim?
Suas vozes sondáveis entram em minha mente em conflito,
Ungindo e rugindo,
Princípios de vida ao fim.


Queria ser apenas mais um,
Num comportamento padrão
De pessoas que usam roupas iguais até então,
Fazendo o mais triste coração
Se alertar, enfim...


Das rudes rugas num olhar desesperado,
Sinto a alegria pairar alarmado.


Queria o sorriso daqueles que amo,
Queria pedras jogadas no fundo do poço obscuro que dilui minha mente insanamente profunda.


Oh porque ter tantas coisas se quero nenhuma delas?

 

 

Adones Oliveira

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